Poucas pessoas sabem o que significam essas duas letras: A.R. Porém, centenas de pessoas são vítimas quase que diariamente, principalmente nas periferias das cidades onde moram os menos favorecidos; onde muitas vezes a polícia já chega atirando pra depois perguntar quem era/é? Vidas negras neste país não têm importância nenhuma para alguns.
O famoso “Alto de Resistência” tem se tornado comum. Às vezes os familiares preferem sofrer sozinhos, ou com poucos amigos, a angustiante dor de perder um ente querido nas supostas “troca de tiros”, Alto de Resistência... ou como costumam dizer “os policiais responderam o injusto revide e o meliante acabou tombando e com aquele a polícia encontrou armas e drogas". No entanto, algumas vezes são “plantadas” armas clandestinas, e drogas são arroladas no Inquérito Policial para dar o ar de “legalidade no crime”.
Noutras vezes, algumas famílias, vítimas da violência policial, vão a luta em busca de justiça, pelo menos para que a pessoa morta não se torne marginal, adjetivo atribuído pela polícia. É o que está acontecendo com os familiares de Marcelo Felipe Guerra (Marcelinho), morto na avenida Presidente Dutra em Feira de Santana – Bahia, no dia 1? de abril deste ano, ao fugir de uma blitz da PM por não portar Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e foi metralhado covardemente pelas costas.
No Brasil, levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança mostra que só no ano de 2020, dos 6.416 brasileiros mortos por intervenção policial, 78,9% eram negros. Ou seja, parece que em um país formado na sua grande maioria por negros e negras o criminoso é julgado e condenado pela cor da pele.
Que possamos apurar com mais afinco os “Alto de Resistência” e que os verdadeiros culpados sejam severamente punidos para que não tenhamos vitimados outros Marcelinhos.
Sabe-se que existem muitos polícias sérios, honestos, que não comungam com essa prática criminosa de extermínio de pessoas inocentes. Que unamos nossas vozes, nossas forças contra essas “matanças”, pois não podemos ficar calados diante de casos como o da família de Marcelo Felipe; e não quer-se que a dor que essa família sente agora seja sentida, na pele, por mais famílias de Feira de Santana, da Bahia, do Brasil.