Lula já revogou 97 normas do governo Bolsonaro, aponta estudo
19 ago 2023
| 07:47h | NotíciasNos primeiros 200 dias de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva revogou 97 dos 210 decretos, portarias, instruções normativas e
resoluções do governo anterior, considerados prioritários para a garantia dos
direitos da população. O apontamento é de um estudo realizado pela Fundação
Lauro Campos e Marielle Franco e pelo escritório regional no Brasil da fundação
alemã Rosa Luxemburgo.
O levantamento Revogaço e a Reconstrução da Democracia
Brasileira mostra, por exemplo, a revogação dos estudos para a
privatização de estatais e a retirada de empresas do programa de privatização,
como os Correios, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a
Dataprev, o Serpro e a Conab.
A retomada das políticas de transparência de dados e informações como a
quebra do sigilo de 100 anos decretado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a
retomada das políticas de fiscalização ambiental e do trabalho análogo à
escravidão com multas e punições aos infratores também são apontados como
resultados diretos dos atos revogados pelo presidente Lula.
Outro apontamento do estudo é a reconstrução da área de políticas de
gênero do Sistema Único de Saúde (SUS), a atenção à população LGBTQIAPN+, povos
indígenas e quilombolas. Um exemplo é a anulação da Instrução Normativa n. 128,
de 30 de agosto de 2022, que impedia a titulação de terras quilombolas. O
governo Lula também recriou o extinto Conselho Nacional dos Direitos das
Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos,
Assexuais e Outras, revogando o Decreto 9.883/2019, que criava o Conselho
Nacional de Combate à Discriminação.
Ainda em 2022, pesquisadores das duas instituições haviam feito uma
análise de cerca de 20 mil normas infralegais, desde decretos, portarias,
instruções normativas e resoluções do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de
centenas de medidas provisórias, projetos de lei e emendas constitucionais. O
trabalho foi apresentado ao governo de transição do governo Lula.
Brasília (DF) - Natália Szermeta, presidente da Fundação Lauro Campos e
Marielle Franco. Foto: INSTAGRAM/Natália Szermeta
“Identificamos sensíveis e importantes avanços. Esperamos com esse novo
estudo ampliar o debate público e fortalecer os argumentos para seguirmos
retirando os entraves infralegais deixados pelo bolsonarismo. Assim podemos
avançar ainda mais na agenda de direitos sociais vencedora nas urnas”, disse
Natália Szermeta, presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco.
Os 97 atos revogados em 2023 pelo presidente Lula fazem parte de um rol
de prioridades listadas em 2022. Desse conjunto de normas anuladas, 60 foram
apontadas como questão primordial para a democracia no Brasil.
Segundo o cientista político Josué Medeiros, coordenador do Núcleo de
Análises, Pesquisa e Estudos (Nape) e da pesquisa do Revogaço em 2022 e 2023,
outros temas como a política de drogas também devem ter avanços em breve,
especialmente após a conclusão da votação no Supremo Tribunal Federal sobre a
descriminalização do porte de maconha. “Com o levantamento de 2023, analisamos
o quanto avançamos em 200 dias de governo Lula e também destacamos o quanto
falta avançar, o que só ocorrerá com mobilização da sociedade brasileira em
defesa da democracia”, disse Medeiros.
Edição:
Fernando Fraga