Risco de hospitalização de diabéticos com dengue é de 63% contra 38% entre os demais pacientes
28 fev 2024
| 16:22h | Notícias
Os problemas crônicos de saúde, como a diabetes, podem aumentar as chances de
desenvolver um quadro mais grave nos casos de dengue. É o que revela um estudo
publicado pela revista científica holandesa Elsevier. Conforme a pesquisa,
O risco de hospitalização de pessoas com diabetes que contraíram dengue é
de 63%. Enquanto os não diabéticos possuem, em média, 38% de risco de terem que
ficar internados.
Para o
estudo, foram avaliados 936 pacientes diagnosticados com dengue, sendo que 184
eram diabéticos e 752 não diabéticos. O médico endocrinologista Flavio
Cadegiani explica que a diabetes pode potencializar quadros de inflamação, como
as infecções por dengue.
“A
diabetes é uma doença muito inflamatória, então ela potencializa a infecção
causada pela dengue. Os estudos mostram potencial chance de complicações
secundárias às questões de redução de plaquetas e da forma hemorrágica por um
potencial sinergismo. Como se a diabetes potencializasse a capacidade da dengue
de causar dano”, explica.
Ainda de
acordo com o estudo, as pessoas com diabetes eram idosas. Segundo o médico
infectologista Werciley Júnior, pessoas idosas são mais suscetíveis a
desenvolver a dengue grave porque neste grupo a prevalência de doenças crônicas
é maior.
“A dengue
pode descompensar as doenças prévias. Então, automaticamente torna-se uma
pessoa mais difícil de cuidar, porque você tem que compensar doenças
preexistentes. Então, a doença crônica é um fator de risco, porque há chance de
ela estar estável e ficar instável é muito grande”, completa.
De acordo
com um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde em novembro de 2023,
88,6% das mortes confirmadas no ano passado apresentavam pelo menos uma
comorbidade, sendo as mais prevalentes a hipertensão arterial, com 53,3%,
seguida da diabetes, com 28,8%. Desse total, houve predomínio do sexo feminino,
com 52% e idade média de 66 anos.
Cuidados
Os
especialistas alertam sobre os riscos da dengue diante do atual cenário
epidêmico no Brasil. Segundo o endocrinologista Flavio Cadegiani, pessoas
que têm diabetes precisam ampliar as medidas de proteção contra a dengue.
“Tem que
redobrar ainda mais os cuidados em relação à água parada e eu tenho
recomendado, inclusive, evitar locais muito rurais até que a gente consiga ter
uma redução dessa epidemia de dengue que a gente tem vivido. E a vacinação é
recomendada até 60 anos. Só que a vacinação ela começa a fazer feito com 2
semanas. Então, neste período, até diante das dificuldades de disponibilização
das vacinas, a precaução tem que vir em primeiro lugar. Mas assim que começar a
ter disponibilização das vacinas, a vacinação se torna mandatória”, ressalta.
Moradora
de Brasília, a babá Dirce de Carvalho, de 56 anos, tem diabetes e t
eve dengue
em 2022. Ela conta que ainda não conseguiu se vacinar contra a dengue, mas que
pretende assim que estiver disponível.
“Eu tive
dengue e sofri muito. Os primeiros sintomas foram o estômago enjoado, muita dor
de cabeça, muita dor no corpo e muita febre também. Eu não cheguei ficar
internada, mas fiquei muito ruim de cama, não conseguia levantar para nada, não
consegui comer nada e eu fiquei 8 dias muito mal, com muita dor. Eu não tomei a
vacina ainda porque não tem na rede pública. Espero que venha a ter a vacina
para todos nós, porque não é fácil. É uma doença que acaba com a pessoa”,
relata.
Se a
pessoa tiver dengue, Cadegiani explica que a orientação é buscar atendimento
médico. Segundo ele, é preciso ficar atento aos chamados sinais de alarme para
as formas mais graves da doença, como vômitos, dor abdominal intensa e hemorragias.
“Em caso
de dengue, é preciso hidratar muitíssimo bem, tentar manter um bom
controle glicêmico com a sua terapia. Manter uma alimentação saudável sem
exagerar em carboidratos para não piorar a glicemia, que também pode ser fator
agravante. E, ao menor sinal de complicação, buscar atendimento médico.
Pacientes com diabetes devem ter preferência para atendimento médico em relação
a pessoas que não têm complicações comorbidades”, diz.
Casos
de dengue no Brasil
Conforme o
painel epidemiológico do Ministério da Saúde, o Brasil já registrou 973.347
casos prováveis de dengue em 2024 e 195 mortes pela doença. Outras 672 mortes
estão sob investigação.
Conforme a
pasta, o país tem um coeficiente de incidência de 479,3 casos a cada 100 mil
habitantes. Distrito Federal, Minas Gerais, Espirito Santo, Paraná, Goiás
e Acre apresentam as maiores taxas de incidência da doença.
O estado
de Minas Gerais é o que apresenta o maior número de casos prováveis com
332.306. Em seguida aparecem São Paulo (170.017), Distrito
Federal (100.078), Paraná (98. 432), e Goiás (58.201).