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Por João Mascarenhas

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LUCÍLIO BASTOS: INTELIGÊNCIA, DECISÃO E CORAGEM MARCARAM SUA VIDA

11 nov 2025

| 05:54h | Notícias
LUCÍLIO BASTOS: INTELIGÊNCIA, DECISÃO E CORAGEM MARCARAM SUA VIDA

A coluna Feira em História, assinada pelo jornalista Zadir Marques Porto, traz fatos históricos e curiosos sobre a cidade

Não basta ser inteligente, ser bom em uma atividade — é preciso demonstrar para o mundo, ou de nada valerá. Lucílio Miranda Bastos fez isso no microfone, como também na redação dos jornais por onde passou. Em criança, sonhava um dia ter sua voz propagada por um alto-falante, mas foi muito além. Apesar de considerado intempestivo, foi um profissional de sucesso.

Ele foi um dos mais destacados profissionais de comunicação surgidos em Feira de Santana, cravando seu nome de forma definitiva na história do jornalismo da região. Oriundo de uma família simples, da Rua Farmacêutico José Alves, Tanque da Nação, Lucílio Miranda Bastos superou todos os seus limites na profissão que sempre desejou e exerceu com plenitude. Pode-se usar o maktub (“estava escrito”) para relatar a história do garoto caboclo, que usava óculos de grau, era extrovertido, decidido e, em muitos momentos, intempestivo.

Como ele mesmo dizia em conversas: “Nasci atraído pelo rádio e qualquer coisa me dizia que um dia, pelo menos em um serviço de alto-falantes, a minha voz também seria transmitida”. Menino, ele já “exercia” a atividade transmitindo notícias publicadas em jornais e revistas através do seu “potente microfone” — nada mais que uma lata de conserva vazia pregada em um cabo de vassoura. Como tinha leitura rápida e correta, chamava a atenção dos amigos.


Cresceu sem mudar e buscou alcançar os sonhos de infância, acompanhando o serviço de alto-falante da Casa das Louças, do empresário Hermógenes Santana, na Rua Direita (Rua Conselheiro Franco). O alto-falante fixo tinha ares de uma emissora de rádio, anunciando as novidades da época, artigos da loja generalista e até os shows que eram apresentados no Cassino Irajá, que ficava na Rua do Meio (Rua Sales Barbosa), propriedade do empresário Oscar Marques (Oscar Tabaréu). Lucílio “viajava” ao som do alto-falante, imitando os locutores e cantando os sucessos da época.

E foi em alto-falantes da cidade que ele começou, no final dos anos 1950, atuando ao lado de Clarival Souza, o popular Dudinha; Antônio Alves Vitória, o Ligoza; o professor Joel Magno e Ildérico Martins. Seu trabalho chamava atenção e logo ele estava na Rádio Sociedade, no Edifício Capirunga, no final da Rua Monsenhor Tertuliano Carneiro, esquina com a Praça Fróes da Motta. Para o jovem autodidata, a convivência com Silva Filho, Montenegro Magalhães, Osman Monteiro, Edival Souza, Geraldo Borges, Itaracy Pedra Branca, Edson Matos, Josué Nonato, Francisco Mário do Nascimento (Chico Baiano), Noé Mascarenhas e Gilberto Costa Filho — já experientes na atividade — foi a consolidação do seu sonho.

Lucílio conhecia muito sobre os hits musicais e os cantores da época e, assim, poderia seguir os passos de outros que faziam sucesso como disc jockey, mas o jornalismo estava no sangue. Destemido, de raciocínio rápido, analítico e crítico, Lucílio Bastos não se dobrava sob ameaças, garantindo logo seu espaço no vibrante radiojornalismo praticado em Feira de Santana. No microfone da Rádio Cultura, chegou a disputar audiência com Edival Souza. O Jornal da Manhã, na Rádio Cultura, chocava-se com A Cidade em Preto e Branco, na Rádio Sociedade.

Tão destemido e firme em suas convicções, Lucílio Bastos não hesitou em colocar no ar, em 14 de junho de 1974, um pronunciamento do deputado federal feirense Francisco Pinto, criticando o general Augusto Pinochet, presidente do Chile — o que resultou no fechamento da Rádio Cultura pelo governo militar. A emissora só voltou a funcionar em 1985, graças à interferência do então ministro Antônio Carlos Magalhães, atendendo ao deputado estadual Oscar Marques, dono da emissora.

Independente da qualidade dos seus comentários aos microfones, tinha um texto de excelente conteúdo, com português limpo, livre de erros e floreios. Assim, passou pelas redações de vários jornais, como o Feira Hoje e a sucursal de A Tarde. Trabalhou também em órgãos de imprensa do sul do estado e foi funcionário da Ceplac em Ilhéus. Transferido para Salvador, faleceu após a aposentadoria.

Por Zadir Marques Porto





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